Feldenkrais: o yoga ocidental
Interessante pensar em considerar um método oriental tão difundido no mundo, recebendo o nome de Yoga ocidental e por vezes método Feldenkrais e ainda como o Yoga entra na metodologia de tratamento da Fisioterapia.
EXPLICO!
Moshé Pinchas Feldenkrais era engenheiro e físico ucraniano-israelense, fundador do método Feldenkrais, que é um sistema de exercícios físicos que visa melhorar o funcionamento do movimento corporal humano e aumentar a autoconsciência corpórea através do movimento e pelo movimento propriamente dito.
Este método aborda de forma surpreendente os movimentos humanos e enfatiza nossa capacidade de aprender e de transformar.
É baseado nos princípios da Física, Neurologia, Fisiologia e Psicologia. Conhecido também pelas inusitadas estratégias terapêuticas e por seus movimentos gentis, que abordam postura, flexibilidade, coordenação e equilíbrio tanto estático como dinâmico.
A base do desenvolvimento neuropsicomotor, a mesma utilizada na avaliação do amadurecimento motor das crianças de 0 à 5 anos, porque nesta fase o que as crianças desenvolvem ao longo de seus primeiros anos serão as bases fundamentais do seu desenvolvimento motor para o resto de suas vidas. Haverá sempre a possibilidade de novos aprendizados mas a memória motora adquirida nesta fase é de suma importância para a qualidade motora na fase adulta.
Aqui é onde o método Feldenkrais permeia com o Yoga, pois os dois métodos são como uma filosofia de vida que pode ser usada como tratamento, pois as sequências das lições terapêuticas são de conscientização pelo movimento e com isto a consciência do corpo com relação ao corpo.
Infinitos artigos foram escritos comparando a similaridade entre Feldenkrais e o Yoga, mas cada um tem sua base de formação e objetivos específicos, porém o resultado é o mesmo para os dois métodos, que é a melhora da qualidade de movimento e assim a qualidade de vida de forma preventiva ou mesmo de forma “curativa”.
Para Feldenkrais o método é um processo de aprendizado orgânico e respeita os limites de cada pessoa.
Ao percebermos nossos padrões através do movimento que ganhamos e recebemos a oportunidade de nos libertarmos destes padrões obsoletos, descobriremos novas formas de pensar, sentir, agir e nos movimentar.
Moshé descreve a “máscara” psicológica e as “couraças” físicas que carregamos, mesmo sem perceber, porque o exercício físico nos foi ensinado como forma de repetição de padrões estéticos e culturais em que vivemos, que nunca nos permitiu nos exercitarmos de forma e na forma que desejamos e nos sentimos bem.
Por esta razão escrevo sobre diversos métodos de exercícios. A Educação Física e a Fisioterapia tem protocolos e planilhas de exercícios para grupos musculares ou para doenças especificas. Sim, isto é necessário e muito válido porque são exercícios relacionados ao seu biotipo, às suas preferências pessoais e mais, exercícios que irão lhe beneficiar mais do que “torturar”.
Em consultório, recebo pacientes que dizem que precisam fazer exercícios mas “odeiam” academia ou métodos encaixotados e repetitivos. Como esta é uma queixa muito frequente, resolvi explicar melhor para vocês, caros leitores, as diferentes formas de exercícios, e que é possível se exercitar com prazer e bem-estar.
Por exemplo: se você é muito “molinho”, ou seja, é bem alongado, mesmo que só em uma parte do seu corpo, realizar alongamentos não irão resolver suas dores musculares, ao invés disso, as contrações musculares de forma isométricas (aquelas que nós contraímos o músculo mas não fazemos movimento) com relaxamento da musculatura envolvida na sequência, serão melhores.
Esta frouxidão ligamentar, o ser “molinho” não é doença, é característica, mas se você não se cuidar, ai sim pode ser que desenvolva alguma doença relacionada a isto.
Na Fisioterapia moderna que avalia o paciente por este prisma, o método Feldenkrais é usado para a reabilitação funcional, para a adaptação e/ou retorno às atividades de vida diária; e ainda pode ser usado como exercícios preventivos.
Como tudo neste universo lindo que é a Fisioterapia, usamos este método como mais uma ferramenta de tratamento, que pode e deve ser associado a outras técnicas. Pois não existe panaceia!
Então vamos lá experimentar um pouco de Feldenkrais.
Iremos realizar um exercício que nos ensinará que o modo como carregamos a cabeça, afeta o estado da musculatura do pescoço e de toda a coluna vertebral.
Encontre um lugar confortável em sua casa, pode ser uma cama, um tapete ou um colchonete. Deite-se de barriga para baixo - decúbito ventral - e coloque as palmas de suas mãos no chão, uma em cima da outra de tal modo que você possa repousar a testa sobre elas. Coloque seus pés separados, na mesma largura dos quadris. Flexione os joelhos e incline um pé em direção ao outro. Seus joelhos devem formar um ângulo de 90º ou um ângulo reto, aproximadamente, com as coxas e estarão separados e suas plantas dos pés estarão voltadas para o teto.
Vire as pernas para a direita, isto é, deixe-as “cair” na direção do chão, mas não permita que o joelho esquerdo se levante do chão. Para que isto seja possível, seu pé esquerdo deve deslizar ao longo do tornozelo e da perna direita, enquanto o pé direito se aproxima do chão.
Então, retorne à posição inicial e realize o mesmo movimento com o pé esquerdo. O pé esquerdo deslizará para trás, ao longo da perna direita passando pelo calcanhar e relaxando próximo ao pé direito.
Repita estes movimentos 10 vezes para cada lado e observe durante a execução, através de que partes da estrutura óssea do corpo o movimento de rotação passou das pernas para as vértebras do pescoço e como o relaxamento da coluna vertebral como um todo se estabeleceu.
Observe qual dos cotovelos é empurrado um pouco para baixo, na direção das pernas, durante o movimento para a direita e como volta a posição original quando os pés retornam ao centro.
Ao final do exercício, vire com a barriga para cima - decúbito dorsal - espere alguns instantes; perceba as mudanças que ocorreram em todo o seu corpo e não apenas na coluna vertebral; fique nesta posição até que você se sinta confortável para levantar. E se o corpo quiser ficar mais tempo nesta posição, fique, porque o corpo tem suas razões para pedir isto a você.
No método original, é solicitado 25 repetições de cada exercício, mas como você está experimentando comece com 10 e aumente o número mediante o seu conforto.
Neste exercício você perceberá a dependência de todos os músculos do corpo com relação ao movimento rotacional, aquele que tanto falamos - os diagonais e espirais. O verdadeiro movimento natural humano que nos faz lembrar a configuração do DNA.
Você descobrirá os efeitos imediatos dos movimentos imaginados e aprenderá a distinguir entre imagem projetada de uma ação e sua execução.
Você também irá descobrir que a consciência da diferenciação entre imagem projetada de um movimento e sua execução é um meio de refinar a ação muscular. Acredito que agora, caro leitor, você conseguiu entender como o Yoga e o método Feldenkrais se permeiam.
Com consciência tudo flui com consistência e fluidez.
E lembre-se: você é o seu melhor termômetro.
Ouça, observe e respeite seu corpo! Ele precisa deste entendimento para que tudo aconteça de forma harmônica e suave em sua vida.
NAMASTE!
Texto de Prof. Dra. Ana Murray
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Fonte: https://www.terapeutas-sa.com.br/post/feldenkrais-o-yoga-ocidental
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